30 de abril de 2012

O politico corrupto [uma visão espiritualista]...por Flavio Bastos


"Eu continuo sendo apenas um palhaço, o que já me coloca em nível bem mais elevado do que ou de qualquer político". (Charles Chaplin) 

"Devedores que somos diante das leis naturais, temos no livre-arbítrio a liberdade das escolhas, sejam elas boas ou más. Portanto, nós mesmos dirigimos as nossas vidas conforme o que decidimos sem a interferência de tais leis. 

No entanto, através das sucessivas reencarnações do espírito, a mente de traço perverso, faz da trajetória vital uma oportunidade de praticar a violência implícita ou explícita. E o poder é o meio ideal para a prática de atos ilícitos que favoreçam a si mesmo ou a terceiros. 

A política observada como poder, revela em seus bastidores uma gama muito variada de corruptos que não têm o menor escrúpulo na criação de esquemas que desviam a verba pública para a satisfação de interesses particulares ou de pequeno, médio e grande grupo de pessoas. 

À medida que o indivíduo corrupto sente satisfação na sua prática, a corrupção torna-se um vício onde os atos ilícitos repetem-se de uma forma obsessivo-compulsiva. 

A política atual, herança do poder conquistado a sangue, ferro e fogo, nas violentas batalhas campais da Idade Média, é reflexo de um passado selvagem onde a honra, a justiça e a verdade, eram valores manipulados pelos vitoriosos que estabeleciam as suas "regras" sobre os derrotados. 
Quantos destes políticos corruptos que hoje desfilam no cenário político, são "velhos conhecidos" uns dos outros? Quantas oportunidades reencarnatórias eles tiveram para regenerarem-se, no entanto, reincindiram diversas vezes no mesmo erro? 

Geralmente, o "corrupto de carteirinha" não constrói o seu currículo em uma única vivência. Essa experiência ele traz de outras vidas onde exerceu o mando e praticou formas de violência que prejudicaram pessoas. 

O ciclo reencarnatório do indivíduo corrupto, do estelionatário e de outros comportamentos doentios, onde a perversidade está presente, representa para a maioria destes indivíduos, o aprisionamento em si mesmo, ou seja, o envolvimento na energia da obsessão que cega e condiciona o livre-arbítrio. 

A sedução e a tentação são características humanas associadas ao poder. Quando o espírito encarnado traz em sua bagagem (currículo) um padrão comportamental compatível à corrupção, a tendência é que ele continue praticando, ao assumir um cargo público, o que ja vinha praticando em outras vidas. Nesse sentido, somente o amor e a educação equilibrada transmitida pelos pais -ou substitutos- poderá alterar essa "tendência". 

Aprendemos pela dor ou pelo amor. As escolhas são nossas. Somos o que escolhemos para as nossa vidas. Porém, diante das leis espirituais nada passa despercebido. Podemos enganar milhões de pessoas através de esquemas sigilosos, mas não podemos enganar a nós mesmos diante do "tribunal" da própria consciência. 

"A verdade vos libertará", disse Jesus Cristo à multidão. A mentira, os perversos mecanismos mentais e espirituais associados à corrupção, escravizam o indivíduo a ponto dele perder qualquer referência que o ligue a valores eternos. 

Nesse alvorecer de milênio, os corruptos estão tendo as últimas oportunidades reencarnatórias de regenerarem-se. Aquele que reincidir no erro, será no futuro próximo, transferido para uma realidade interdimensional compatível com o seu grau de adiantamento espiritual. 
O nosso mundo, ao entrar no processo de regeneração espiritual, começa a depurar a sua energia. As próximas gerações de humanos virão cada vez mais lúcidas e adequadas às transformações que representam uma nova fase de transição do planeta Terra. 

Uma realidade em que a seleção natural dos espíritos que aqui viverão, será baseada nas leis naturais que regem o universo. Aqueles que não se adequarem a essa nova realidade, serão, compulsoriamente, forçados a reencarnar em mundos onde as sombras predominam. 

As chances são iguais para todos. O que muda são as escolhas pelo livre-arbítrio. Muitos preferem plasmar aqui o seu vale de lágrimas. Outros, o seu iluminado caminho. "


29 de abril de 2012

Apenas Observando....

"Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: "Qual dos dois modelos produz felicidade?”.

Estamos construindo super-homens e super mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!"

A publicidade não consegue vender felicidade, então passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo o condicionamento.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, constrói-se um Shopping Center. É curioso: a maioria dos Shoppings-Centers têm linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.

Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Quem deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático". Diante de seus olhares espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!”

Autor: Frei Beto

27 de abril de 2012

Maledicência – Não fales mal de ninguém...

"Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros
Qual a razão última dessa mania de maledicência?
É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.
São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.
Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.
As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.
Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.
A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.

Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras.
Fala-se muito por falar, para “matar tempo”. A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.

Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.
Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas.
Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.
Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.
Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio. São enfermos em demorado processo de reajuste.
Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
Pense nisso!
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura.

A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.

Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.
Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”."


Texto extraído do livro “A Essência da Amizade” – Huberto Rohden* – Ed.Martin Claret

24 de abril de 2012

Reconstruir o corpo emocional .. por Deepak Chopra

"Sempre que uma emoção negativa emergir, você pode substituí-la por algo novo. Todos temos uma imagem mental do que é um corpo físico desejável — bem condicionado, saudável, jovial, viçoso, agradável de se ver. Mas não usamos essas qualidades em relação às nossas emoções, nosso "corpo emocional".

 O corpo emocional, assim como o corpo físico, tem de ser propriamente nutrido. Ele pode ficar cansado e flácido ao ter as mesmas reações, repetidamente. Ele se torna enfermo quando exposto a toxinas e influências insalubres. Toda vez que você sente uma emoção negativa, seu corpo emocional está expressando desconforto, fadiga ou dor. Preste atenção a esses sintomas, da mesma maneira como faria com uma dor ou desconforto físico. 

Se você tivesse uma pedra no sapato, não hesitaria em removê-la. No entanto, quanto tempo você já suportou as pedras espirituais de seu sapato? De várias formas, nossas prioridades devem ser revertidas. Pense no tempo e no dinheiro gastos para evitar o envelhecimento. 
Empenhamos um esforço enorme para garantir um corpo saudável e funcional até a idade avançada. No entanto, ironicamente, é o corpo emocional que é imune ao envelhecimento. Não há motivo para que as emoções envelheçam, porque a fonte de frescor e renovação está sempre à mão. 

Seu corpo emocional deve permanecer vigoroso, alerta, flexível e agradável às experiências. Acho que uma única frase — "a leveza do ser" — engloba todas essas qualidades. As crianças naturalmente sentem a leveza do ser. Elas brincam e riem; esquecem os traumas e rapidamente se recuperam. Qualquer coisa que sintam logo vem à superfície. Esse período descontraído pode não durar muito. Observando uma criança atentamente, você pode ver o começo das tendências que levarão ao sofrimento futuro, conforme a sombra ensina suas táticas de projeção, culpa, remorso e todo o restante.
 É por isso que reconstruir o corpo emocional, em longo prazo, é a melhor estratégia para todo mundo — seu futuro depende da eliminação do seu passado. A chave é ter uma perspectiva, que você pode implementar todos os dias. O que não faltam são conselhos detalhados, neste livro e em muitas outras fontes. Porém, sem uma perspectiva, até mesmo o melhor dos conselhos fica a esmo e fragmentado.

 Uma perspectiva para a reconstrução do corpo emociona! inclui ao menos alguns dos pontos a seguir: * Tornar-se mais inteiro. * Aprender a ser resiliente. * Dissipar os demônios do passado. * Curar antigas feridas. * Esperar o melhor de si mesmo. * Adotar ideais realistas. * Empenhar-se. * Ser generoso, principalmente com sua alma. * Enxergar além dos medos. * Aprender a autoaceitação. * Comunicar-se com Deus ou seu eu superior.

 O mais importante na reconstrução do corpo emocional é se tornar mais inteiro. As emoções não podem ser remodeladas isoladamente. Elas se fundem, se mesclam aos pensamentos, ações, aspirações, desejos e relacionamentos. Todo sentimento que você tem se desloca de maneira invisível, rumo ao ambiente, afetando as pessoas ao redor, a sociedade e o mundo. 

Depois de ter trabalhado com milhares de pessoas ao longo dos anos, pude perceber que sem a plenitude tudo o que conseguimos criar é uma mudança superficial. Sendo assim, vejamos se é possível abordar sua vida como uma realidade, um processo que engloba todo o pensamento e a ação que você já teve ou terá. Isso pode soar um tanto sufocante, porém, para escapar da névoa da ilusão, a única maneira de sair é a realidade.

 Na verdade, só há uma realidade. Você não tem como se separar dela. Nem vai querer, uma vez que puder enxergar a enorme vantagem de viver na plenitude. Seu self separado, que tem uma participação pessoal no mundo, não se trata de quem você realmente é. Na verdade, isso pode ser uma total ilusão, e foi o que Buda disse. 
O self que você defende todos os dias, como seu ponto de vista ímpar, é uma ficção conveniente que faz com que o ego se sinta bem. O que o ego não percebe, no entanto, é que ele se sentiria muito melhor se abrisse mão da parte limitada e egoísta no mundo. Quando isso acontecer, o verdadeiro self pode emergir. Então, e somente então, a plenitude será possível."

Deepak Chopra
Fonte:Livro O efeito sombra 
autores:
Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson

23 de abril de 2012

O desabrochar da natureza divina...

"Certamente um desejo puro habita o coração da humanidade.
Mesmo que, no momento atual, ele não esteja aparente na consciência de muitos, permitir que a natureza divina se manifeste é o desejo mais profundo e mais antigo que habita cada um dos seres humanos.

Com o desabrochar desse sentimento da natureza divina, a vida torna-se mais bela e o planeta mais habitável. 
São luzes que se acendem e ajudam a iluminar o caminhar da humanidade!
A sugestão é a prática do silêncio, da meditação e da conversa coração a coração consigo mesmo .

A aproximação do ser consigo mesmo o remete a aproximar-se de Deus, independente de fatores externos.
Minimizar o uso da razão ou da mente reflexiva induz à percepção de seus sentimentos mais belos.
Dar espaço à paz interior e deixá-la simplesmente fluir é uma boa experiência.
Deixar a paz fluir em seu corpo físico, no coração, no cérebro, nos órgãos e células de seu corpo físico concede chances à alma de se fortalecer e se manifestar.
Cultivar a atenção à respiração é importante para este processo.
Respirar sem pressa, deixando o ar chegar ao diafragma, deixando-o repousar alguns segundos ali, antes de expirar também lentamente, faz com que a mente se acalme de forma natural.

Não ter pressa com resultados, nem criar expectativas e usar um tempo diário concedendo-se um descanso, tanto físico como espiritual é requisito mínimo a quem tem consideração por si próprio! Você tem direito a este descanso!
Assim, a natureza divina, de maneira simples e natural poderá ter espaço para se manifestar."
Autor: Herbert Santos

15 de abril de 2012

Sobre a mudança interior - II por Krishnamurti

"O que designamos por mudança? Será que a mudança é a mera transferência do que acumulei para outros campos do conhecimento, para novos pressupostos e ideologias, projetados a partir do passado? É isso que costumamos chamar de mudança, não é mesmo?

 Quando digo que preciso mudar, penso em mudar para alguma coisa que já conheço. Quando digo que preciso ser bom, já tenho uma idéia, uma formulação, um conceito do que é ser bom.
 Mas isso não é o florescer da bondade.
 O florescer da bondade só surge quando compreendo o processo e o acúmulo do conhecimento e quando desfaço o que sei. Então há possibilidade de uma revolução, de uma mudança radical.


Mas o simples passar do conhecido para o conhecido não é mudança nenhuma.

Espero estar sendo claro, porque vocês e eu precisamos mudar radicalmente, de uma maneira espantosa, revolucionária.
 É um fato óbvio que não podemos continuar como estamos. As coisas alarmantes que estão acontecendo no mundo exigem que todos esses problemas sejam abordados a partir de uma perspectiva totalmente diferente, com uma mente e um coração totalmente novos.

 Eis por que tenho de compreender como fazer em mim essa mudança radical. E vejo que só posso mudar desfazendo tudo o que já conheço.
 O desembaraçar a mente do conhecimento constitui em si uma mudança radical, porque assim a mente fica humilde, e essa mesma humildade faz surgir uma ação totalmente nova. 

Enquanto a mente estiver adquirindo, comparando, pensando em termos do “mais”, ela será incapaz de uma ação nova. E será que eu, invejoso, ambicioso, posso mudar completamente, de modo que a mente pare de adquirir, de comparar, de competir? Em outras palavras, será que a mente pode esvaziar-se a si mesma e, nesse mesmo processo de auto-esvaziamento, descobrir a ação nova?

Ou seja, será possível efetuar uma mudança fundamental que não seja o resultado de um ato de vontade, que não seja o mero resultado da influência, da pressão? 
A mudança fundada na influência, na ação, no ato de vontade, não é mudança nenhuma. Isso é evidente se vocês penetrarem na questão.
 E se sinto necessidade de uma mudança completa, radical, em mim mesmo, tenho de examinar o processo do conhecimento, que forma o centro a partir do qual acontece toda experiência.

 Há em cada um de nós um centro que é o resultado da experiência, do conhecimento, da memória; e nós agimos e “mudamos” de acordo com esse centro. O próprio ato de desfazer esse centro, a própria dissolução desse “eu”, desse processo de acúmulo, gera uma mudança radical. Isso, todavia, exige o esforço do autoconhecimento.

Tenho de conhecer a mim mesmo tal como sou, e não como acho que devo ser. Tenho de me conhecer como o centro a partir do qual estou agindo, a partir do qual estou pensando, o centro formado pelo conhecimento acumulado, por pressupostos, pela experiência passada, que são coisas que impedem uma revolução interior, uma radical transformação de mim mesmo. 

E como temos um tão grande número de complexidades no mundo atual, com tantas mudanças superficiais acontecendo, é necessário que haja essa mudança radical no individuo, porque só o indivíduo, e não o coletivo, pode criar um novo mundo.

Em vista de tudo isso, será possível que você e eu, como dois indivíduos, nos modifiquemos, não de modo superficial, mas radicalmente, de forma que haja a dissolução do centro de que emana toda vaidade, todo o sentido de autoridade, esse centro que acumula ativamente, centro feito de conhecimento, de experiência, de memória?

Trata-se de uma pergunta a que não se pode dar uma resposta verbal. Faço-a somente para despertar o pensamento de vocês, sua capacidade inquisitiva, a fim de que vocês iniciem a caminhada sozinhos Porque vocês não podem fazer essa caminhada com a ajuda de outra pessoa; vocês não podem ter um guru que lhes diga o que fazer, o que procurar."

Krishnamurti
Do livro: Sobre Aprendizagem e o Conhecimento – Ed. Cultrix

14 de abril de 2012

A mente travada...

"Pelas experiências negativas em nossas vidas passadas, encarnamos com uma carga de crenças negativas abrigadas em nosso inconsciente. 
Nossas experiências na vida presente iniciam-se a partir dessas crenças e de nossas observações sobre o mundo que nos rodeia, fazendo com que tiremos conclusões distorcidas acerca da realidade. 

Desde a infância, a realidade nos parece assustadora, sentimo-nos sempre ameaçados por perigos ilusórios, porém, "reais" em certa medida, pois as tais ameaças são provenientes das energias das pessoas que nos rodeiam, as quais têm questões de vidas passadas relacionadas conosco ou contém apenas a mesma qualidade energética de pessoas com as quais temos questões de vidas passadas a serem resgatadas.
 Diante dessas sensações, inevitavelmente, criamos um comportamento "persecutório" [referente a perseguição

A partir dessas condições e percepções distorcidas, criamos nossas estratégias de sobrevivência. A mente só pensa em uma coisa: sobreviver!
 Ela acredita que enquanto "souber de tudo", mantendo-se no controle, ela estará a salvo. Isso cria em nós a necessidade de pensar, planejar e calcular, incessantemente, para que tudo esteja "sob controle".

 Só acreditamos que coisas ruins irão acontecer e, se e quando, por algum motivo, conseguimos acreditar em um Universo benigno, a mente entra em pânico e reverte essa percepção divina levando-nos novamente a acreditar no pior. Conscientes ou não desse processo interno, ele está sempre nos (des)orientando. 

Se pararmos para "escutar" a voz negativa interior, por trás de toda essa estratégia, perceberemos este tipo de pensamento: "Não adianta, você nunca vai conseguir se superar e, caso consiga, eu sempre vou te perseguir e te destruir". 
Com esse tipo de percepção distorcida a mente se sente ainda mais em aflição e busca mais desesperadamente pelo controle da situação e entra em um processo obsessivo-compulsivo e se torna prisioneira dele. 
A mente simplesmente trava em determinadas situações em que são disparados esses mecanismos persecutórios criados pela crença no mal e fica prisioneira dentro de um lugar viscoso, como se fosse um limbo, um lugar que não conseguimos acessar, mas que nos traz sensações muito reais de estarmos perdidos e anestesiados nesse lugar sombrio e deserto.

 Apesar de essa clausura nos trazer extrema agonia, fazendo com que desejemos sair dali desesperadamente, não conseguimos, pois a mente se sente segura nesse limbo, ela acredita que ali ninguém poderá nos ferir, acredita que nada de mal possa nos atingir. 

Nosso desespero aumenta e travamos uma luta interna. Nosso lado que nos mantém prisioneiros luta desesperadamente contra o lado que quer nos libertar. Um conflito intenso nos acomete nos levando para um processo de mais desorientação. Somos prisioneiros de nossa própria mente. 

A mente teimosa, orgulhosa e medrosa, não tem o mínimo desejo de abrir mão desse "lugar seguro", ela se mostra sofredora e desejosa em fazer de tudo para nos libertar, mas desde que seja através de um recurso que não a tire do poder e não a faça perder a razão, a mente sempre quer estar certa. 

Ela acredita piamente que está sendo injustiçada, agredida ou ameaçada, portanto, ela só sai do limbo quando tiver certeza de que todo o mal externo foi resolvido, à maneira dela. 

Nesse limbo, nossas crenças negativas ficam ainda mais potencializadas e a mente, obsecada em provar que "sabe o jeito certo" de resolver as coisas, debate-se cada vez mais, levando-nos, muitas vezes, a sentir "que estamos ficando loucos", com total descontrole e desequilíbrio, o que nos atormenta de forma assustadora. 
Para essa condição, como sempre, o primeiro recurso de poder que temos à nossa disposição, é tomarmos consciência desse mecanismo persecutório e obsessivo da mente.

 Isso se faz com a vontade consciente de ativarmos o observador interno. A parte de nós que se conscientiza é o nosso Eu Superior e, quando permitimos que ele se manifeste com esta percepção da incoerência e do descontrole criado pela necessidade de controle, naturalmente somos levados a um melhor estado interno, que nos relaxa, fazendo com que possamos perceber a obsessão da mente, com mais clareza ainda. 

Quanto mais somos capazes de perceber essas atitudes de nossa mente e de nos mantermos apenas como observadores - sem julgamentos, críticas ou resistência -, e com uma profunda aceitação de toda a realidade interna, mais conseguimos resgatar, pouco a pouco, o equilíbrio e a sabedoria interior. 

Porém, como esse limbo é um lugar muito viscoso, mesmo que consigamos ter essa consciência e certo equilíbrio, compreendendo que tudo é pura ilusão criada pela mente, ainda assim nos sentiremos presos. A diferença, é que o desespero diminui e começamos a nos desidentificar com aquela "falsa realidade", o que nos leva à sensação em nosso coração de que "está tudo certo", que tudo isso logo passará.

 Dessa forma, a aceitação vai se instalando mais e mais, fazendo com que consigamos elevar nossa consciência com o desejo de encontrarmos uma "nova forma de viver as mesmas experiências". Nós trouxemos conosco, ao encarnar, todos os planejamentos do "jeito certo de vivermos a vida", porém, por conta de nossas crenças negativas trazidas e potencializadas com nossas percepções distorcidas, entendemos que esse "jeito certo do Espírito" era o "jeito errado que nos levava à dor".

 Assim, deixamos de lado, lá na infância, o "pacote do jeito certo", desaprendendo-o e quase o desativando - se não usamos perdemos - e acabamos criando o "jeito certo (errado) da mente" e nos acostumamos a ele e o "aperfeiçoamos". E deu nisso... nossa mente prisioneira do seu esquema, levada ao limbo infinitas vezes, passando a aceitar esse limbo como um lugar "seguro", o que sempre a leva novamente a ele. 
Quando tomamos consciência dessa realidade oculta, assustadora e sabotadora que ocorre dentro de nós, somos então capazes de superar esse padrão de comportamento. A partir disto, basta que desejemos acessar o "jeito certo impresso em nosso ser", para que possamos reativá-lo. 

Com isso podemos, pouco a pouco, resgatar nossa "sanidade" e nossos recursos divinos de cura, que carregamos em nosso ser. Não deveremos pensar sobre isso, mas sim "sentir essa verdade", nos entregando ao fluxo divino, com a certeza de que nossa intenção, esforço e vontade nos levarão à cura. 

Esse é um processo, não adianta termos pressa em corrigir aquilo que durante anos foi construído e reforçado negativamente. A pressa só nos destruirá. A vida em si é um processo, basta aceitarmos e nos entregarmos a ele e tudo se resolve de forma divina."

Sintoma de Sombra: Descontrole em Discussões por Aldo Novak


"Hoje o sintoma que escolhi é: perder o equilíbrio quando uma pessoa não pode dizer aquilo que pensa em uma discussão.



Semana passada este foi o problema que chamou minha atenção em um twitter anônimo publicado no site do livro O Efeito Sombra. A pessoa publicou exatamente a seguinte frase: "Minha sombra é perder o equilíbrio quando não posso dizer o que penso em uma discussão". 

Vamos entender agora uma verdade universal que, aparentemente, poucos de nós aprendemos na infância e juventude: não existe modo de vencer uma discussão.

Deixe-me repetir isso para que fique claro como cristal em sua mente, e você comece a repetir isso dia e noite, até estar convencido, ou convencida, de uma vez por todas: não existe nenhum modo de você vencer uma discussão. Nunca. Jamais.

Dizer o que você pensa, ou sentir que tem algo a dizer que vai "calar a boca" da outra pessoa e mudar o comportamento dela é algo que só existe em raríssimas situações. E tenho que dizer que jamais vi isso funcionar para nenhum relacionamento importante - exceto em emergências e situações que demandem ação imediata - Mas não é sobre isso que estamos falando aqui.

Portanto, quando você perde o equilíbrio em uma discussão, isso acontece porque você está partindo da falsa premissa de que precisa vencer a discussão - o que é impossível. Até porque, se você sair de uma discussão com a sensação de vitória, a outra pessoa vai sentir-se derrotada e você a terá perdido. 
Além disso, ela pode até concordar com sua análise racional, mas isso não significa que abraçará sua causa, porque ninguém gosta de sentir que uma outra pessoa pisou nela, derrubou suas crenças e a tornou inferior, por qualquer motivo - mesmo que com lógica.

Mas note que perder o equilíbrio quando não se pode dizer o que pensa em uma discussão não é sombra - apenas um sintoma de sombra. E sombras escolhem aparecer pelas rachaduras que existem em nosso comportamento - rachaduras que existem devido a supostas "verdades" aprendidas mas completamente irracionais - como achar que se pode vencer uma discussão, por exemplo.

Ao internalizar o fato de que nenhuma discussão pode ser vencida, você começa a entender a importância em deixar todas as discussões de lado e associar-se a outra pessoa, mesmo que seja sua desafeta, para que ambas possam encontrar uma saída que seja boa para os dois lados. Uma solução verdadeiramente ganha-ganha."


11 de abril de 2012

Conseqüências e vantagens da mente clara...


 (...)"A mente reativa reage ao que está condicionada e aos instintos. Prioritariamente, ela tenta se defender, por isso sempre foca problemas e dificuldades. Por ser uma mente que gera pouca satisfação, ela busca compensação através dos desejos e fantasias que cria continuamente. Como conseqüência, poucas vezes foca a realidade e raramente se mantém no presente, no que acontece no aqui e agora. 

E a mente clara? A mente só é clara quando consegue focar o presente em sua simplicidade. No exemplo do texto o homem decidiu focar o gosto e o cheiro do café especial que estava tomando. Uma atitude simples e COERENTE com a escolha feita. A mente clara é assim: após feita a escolha, ela se mantém no presente, usufruindo da escolha e intensificando a vida. A prioridade não é se defender, e sim usufruir do que foi escolhido para viver.
O homem decidiu realizar o desejo de tomar o café. Comprou o café e enquanto a mente reativa o dominou, ele esteve distante, preso em seus pensamentos, problemas, desejos e fantasias. Praticamente não sentiu o gosto do meio copo de café que tomou.

Quando a mente clara entrou em ação, ele agiu com simplicidade. Prestou atenção ao café, cheiro e gosto. Tomou-o em pequenos goles e para intensificar o prazer manteve-o na boca por algum tempo. Em pouco tempo estava satisfeito por ter tido muita satisfação.

Vamos pensar em duas conseqüências práticas. Primeiro: o homem poderia ter tomado somente meio copo de café e ingerido menos calorias. Teria ficado muito satisfeito e “menos gordo”. A mente clara permite que fiquemos satisfeitos/saciados com menos.
Segunda conseqüência: como chegamos mais facilmente à satisfação, é mais fácil de promover a solidariedade. Se meio copo de café trouxe a saciedade para aquele homem, ele pode compartilhar a outra metade com alguém. A solidariedade deixa de ser algo moral e passa a ser uma prática viável e simples.

Um dos maiores estimuladores do egoísmo é a falta de satisfação do ser humano, que o faz querer e necessitar de mais e mais. A mente clara, ao permitir maior satisfação, ajuda a tornar as pessoas mais propícias a compartilhar.

A mente clara é uma mente coerente e simples, focada no presente. Esse é um dos maiores segredos de uma vida intensa e bem vivida."

Autor:Regis Mesquita, psicólogo e terapeuta

10 de abril de 2012

Como superar seus problemas externos, resolvendo problemas internos....

"Quem nunca se deu mal ou entrou em uma fria? Seja qual for a situação. Problemas financeiros, relacionamentos, família, enfim, qualquer tipo de enrascada. O mais difícil, quando estamos tentando resolver algum problema, é saber o que fazer. Normalmente não paramos para pensar e solidificamos a situação, achamos que ela é do jeito que é e que não tem saída. Ao invés de parar para pensar, nos desesperamos, ficamos aflitos e corremos de um lado para o outro sem saber o que fazer ou por onde começar a resolver a situação. Veja algumas saídas.
Identifique o problema

O primeiro passo é tentar identificar qual é o problema, mas não o problema externo.
 Como assim? Geralmente quando pensamos em um problema, nos fechamos nele, tentando resolve-lo, e não olhamos a situação de forma ampla. Por exemplo: quando brigamos com alguém ficamos mal e tentamos resolver a situação externa. Pensamos: peço desculpa ou não, deixo de falar com ele ou não, brigo ou não, tento endireitá-lo ou não. Isso não adianta nada, pois cada pessoa tem a liberdade de se comportar como bem entender. 


Você pode tentar arrumar as coisas externas, porém como não tem controle da situação, é impossível achar uma saída olhando deste ponto de vista.
Observe o verdadeiro problema

Precisamos mudar a perspectiva para perceber qual o real problema que devemos resolver (novamente me refiro ao problema interno, não ao externo). 
Geralmente, em uma situação de conflito, não percebemos que estamos com raiva, mágoa, apego ou algum outro sentimento negativo. Costumamos ter como referência apenas as próprias situações e não os sentimentos que são a causa do problema. 


Se alguém nos trai, não pensamos qual o real motivo de estarmos com raiva, mágoa ou apego pela outra pessoa, mas sim que devemos resolver aquilo de qualquer jeito. Daí agimos automaticamente, pensando se devemos ficar com a pessoa ou não, se perdoamos ou não, se mudamos de cidade, se arrumamos outra pessoa. 


Na verdade, a situação não tem saída: o que deve ser resolvido são os nossos sentimentos internos e não a situação. O seu parceiro é livre para fazer o que quiser, até te trair, (não que eu ache isso adequado. Aliás, este não é o ponto), porém ele tem essa liberdade e não temos controle quanto às atitudes dele ou das outras pessoas.


 Apenas observe com quais sentimentos negativos você está operando nestas situações. Não os ignore nem se apegue a eles, apenas observe, pois da mesma maneira que eles surgiram, irão cessar.
Este exercício de observar e não reagir automaticamente aos sentimentos negativos é o que nos fará melhorar aos poucos. Pratique a reflexão. Pare, por alguns minutos antes de dormir, e pense como foi seu dia, como você se comportou nas situações e como agiu com as pessoas.


 E lembre-se: esta maneira de perceber como a nossa mente age em nosso dia a dia não é uma ação passiva. Observar o que ocorre em nossa mente melhora nossa maneira de interagir com as pessoas e com o mundo."

Autor:Leonardo Ota

Seja Autêntico....


(...)"A verdade não é uma coisa lógica. Por verdade eu quero dizer a autenticidade do ser; sem impor nada que você não seja, apenas sendo o que você é, independentemente dos riscos, nunca se tornando um hipócrita. Se você está triste, fique triste. Esta é a verdade; não a esconda. Não exiba um sorriso falso no rosto, porque esse sorriso falso cria uma divisão em você.

Quando você está com raiva e não demonstra a raiva... é porque tem medo de que essa demonstração prejudique a sua imagem, porque as pessoas pensam que você é compreensivo e dizem que você nunca fica com raiva. Elas gostam disso e isso é tão gratificante para o ego. 

Agora, ficar com raiva vai prejudicar a sua linda imagem; assim, em vez de prejudicar a imagem, você reprime a raiva. Você está fervendo por dentro, mas por fora continua compreensivo, bondoso, polido, doce. Aí acontece a divisão. As pessoas produzem essa divisão durante a vida inteira; então a divisão se torna absolutamente estabelecida. Mesmo quando você está sentado sozinho e não há ninguém por perto, e não há necessidade de fingir, você continua fingindo; isso se tornou um hábito arraigado e automático... 
Então, não é uma questão de ser verdadeiro ou falso; isso acabou por se tornar um hábito...
Por verdadeiro eu quero dizer não fingir. Seja exatamente o que você é – num momento você está triste... e no momento seguinte, se você ficar feliz, não há necessidade de continuar triste – porque também lhe ensinaram a ser sempre coerente, a permanecer coerente...

Assim, não é só quando está triste que você finge sorrisos; quando você quer sorrir, também finge tristeza por causa da idéia completamente estúpida de permanecer coerente. Cada momento tem a sua característica peculiar, e nenhum momento precisa ser coerente com nenhum outro momento. 

Assim, não é preciso se preocupar com a coerência. Ninguém que se preocupe com a coerência vai se tornar falso porque apenas mente com coerência. A verdade está sempre mudando. A verdade contém suas próprias contradições – e essa é a substância da verdade, essa é a sua vastidão, essa é a sua beleza.
Portanto, se você está se sentindo triste, fique triste – sem nenhuma censura, sem nenhuma avaliação como sendo bom ou mau. Não se trata de ser bom ou mau; isso simplesmente acontece. E quando acontece, deixe acontecer. Quando você começar a sorrir de novo, não se sinta culpado só porque há pouco estava triste; então, como pode sorrir? Quando estiver feliz, seja feliz; não há necessidade de fingir nada.

... Cada momento tem uma realidade atômica: ele é descontínuo em relação ao momento anterior e não está ligado ao momento futuro. Cada momento é atômico. Os momentos não se seguem uns aos outros em seqüência; eles não são lineares. Cada momento tem a sua própria maneira de ser e você deve ser isso, nesse momento, nada mais. É isso o que realmente é considerado como verdade.

Verdade significa autenticidade, verdade significa sinceridade. A verdade não é uma coisa lógica. Ela é um estado psicológico de ser verdadeiro – não verdadeiro de acordo com algum ideal, pois, se houver um ideal, você vai se tornar falso.

O homem verdadeiro não tem ideais. Ele vive momento a momento; ele sempre vive como se sente no momento. Ele é completamente respeitoso em relação aos próprios sentimentos, às próprias emoções, aos próprios humores. E isso é o que eu quero que as pessoas sejam: autenticas, verdadeiras, sinceras, respeitosas em relação à própria alma."

OSHO Excertos do livro "Intimidade - como confiar em sí mesmo e nos outros", ed. Cultrix

2 de abril de 2012

Curar a ferida em primeiro lugar...



"Quando somos atingidos por uma flecha, não devemos perder tempo buscando saber quem e por que nos feriu. Mas, sim, arrancar a flecha fora e cuidar, o quanto antes, da ferida. Este é o modo budista de lidar com os problemas: focamos a cura ao invés de cultivar a indignação que gera ainda mais dor.

Em vez de responder aos inúmeros porquês, focamo-nos em lidar com a situação de modo a assumir o autocontrole diante de nossos problemas. Afinal, quando não podemos mudar uma situação externa, ainda assim, podemos transformar o nosso modo de encará-la. 

Enquanto estivermos contaminados pelo cansaço, pela raiva ou pela indignação, nossas atitudes serão tendencialmente unilaterais ou vingativas. O que o budismo nos alerta é que a primeira coisa a fazer quando recebemos qualquer tipo de agressão é nos interiorizarmos para recuperar o espaço interior. 

Mais do que uma percepção mental dos fatos, devemos buscar o equilíbrio interior para que nosso pensamento volte a ser claro e amplo. 
Na medida em que nos concentramos em curar a ferida, ao invés de indagar o porquê ela ocorreu, cultivamos o hábito mental de buscar soluções práticas que nos ajudam a nos desvencilhar dos problemas. Deste modo, não ficamos presos ao discurso "ele não podia ter feito isso comigo" que nos leva apenas à paralisia, mas passamos a nos mover em direção à solução interior, o que nos leva a um senso profundo de liberdade de podermos ser quem somos. 

O mundo à nossa volta está repleto de informações conflitantes e confusas. Tornamo-nos reféns dos outros enquanto nos deixamos enganchar por seus conflitos. 

Para nos desvencilharmos das confusões alheias, precisamos antes de tudo recuperar nosso espaço interior. Esta é a diferença entre gritar para o outro: "Me solta" e dizer internamente: "Eu me solto". 

Desta maneira, ganhamos autonomia interior, isto é, recuperamos o prazer e a habilidade de exercitar a nossa própria vontade de nos acalmar. Lama Gangchen nos encoraja a praticar a Autocura quando nos fala: "Basta reconhecermos nossa própria capacidade e ousarmos aceitá-la". 

Em seu livro Autocura Tântrica III (Ed. Gaia) ele esclarece: "Para começarmos a vivenciar os níveis mais profundos da Autocura, nossa mente precisa começar a aceitar e usar o espaço interior da forma correta. Temos que compreender que há mais espaço em nossa mente muito sutil do que no mundo externo. Além disso, também precisamos entender que as situações perigosas que hoje vivenciamos são o resultado de causas e condições negativas criadas por nós no passado. 

É muito importante praticarmos a Autocura, pois se continuarmos a gravar negatividades em nosso espaço interior, embora nosso coração não possa explodir, uma terrível explosão global de negatividade pode acontecer, causando nosso Armagedão individual e planetário". 

Para parar de gravar negatividades em nosso espaço interior, precisamos cultivar o hábito de nos interiorizarmos, de ampliarmos nosso espaço interior. Mas a capacidade de nos autossustentar surge à medida em que nos sentimos disponíveis para nós mesmos. 

Se não nos sentimos capazes de lidar com certas emoções, devemos buscar pessoas que nos incentivem a lidar positivamente com elas. A solidariedade alheia nos ajuda a sentir e aceitar o que nem mesmo somos capazes de entender. 

O importante é buscar coerência entre nosso mundo interior e a realidade exterior. Viver bem pressupõe considerar a realidade acima de qualquer coisa. 

Ao recuperar o espaço interior, ganhamos uma nova disponibilidade para agir." 


Bel Cesar

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