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22 de julho de 2017

A Hora do Lobo (excertos), por Monge Kōmyō |

 
"Existe um predador no interior de todos nós. Ele não existe para predar outras pessoas, mas para caçar a nós mesmos, devorando nosso discernimento, afastando a sabedoria. Foi criado a partir de nossos hábitos e padrões de comportamento insalubres, de nossas vaidades e egoísmos, e se alimenta de nossa energia mental, emocional e espiritual.

Como todo predador, ele não age aleatoriamente e sem estratégia; fica à espreita e somente nos domina quando estimulado pelas circunstâncias, emoções e pensamentos que excitem sua ira. E nesta hora, como afirma Thich Nhat Hanh, o grande mestre budista do zen vietnamita, fazemos coisas que não queremos fazer, dizemos coisas que não queremos dizer, pensamos coisas que não gostamos de pensar.

Magoamos a nós mesmos e a outros, incapazes de agir com consciência plena. Esta é a Hora do Lobo, o momento em que caímos na mais lamentável cadeia de ações inconscientes e ignorantes, fundamentadas nos vícios de atitude que desenvolvemos ao longo de nossa vida. E essa triste queda devora nosso discernimento e percepção, e nos nega a sabedoria.

(…)

O fato é que na vida vivemos sob a ditadura das paixões. (…) E, bem, a paixão na verdade não abriga nenhum amor, nenhuma alegria de viver, em si mesma. Os processos passionais são sempre desgastantes, e em algum momento este desgaste se tornará evidente, não há como escapar disso.

Festas frenéticas, viagens apressadas, muitas atividades cotidianas, consumo exagerado, relacionamentos superficiais intensos ou afetos racionalizados em um sem-número de projeções e carências (…).

O exercício das paixões através das fantasias dos sentidos parece mais fácil do que a conquista da felicidade através do equilíbrio da consciência.

Além disso, quem afinal compreende o sentido da vida? Quem realmente pode se valer do inefável sentimento de contentamento?

(Para a mente viciada em hábitos egoístas) Mais valiosas são as excitações imediatas, a luta para conquistar mais beleza física, mais domínio, mais poder, mais dinheiro e fama, mais intelectualidade, mais corroboração de nossos pontos de vista (…).

O predador (…) é o agente das nossas atitudes insalubres, que nos faz sentir menores diante da vida. Ele habita nossos corações e mentes, esperando o momento de nos dominar. E quando nos defrontamos com um desafio, um gesto, uma palavra ou uma ideia que de alguma forma estimule os hábitos arraigados em nossa mente, o predador ataca nossa percepção com uma fúria e velocidade terríveis.
(…)

Liberte-se de seu predador. Observe meios de prática que podem desestimular os hábitos arraigados em você, e que são tão prejudiciais. E, por favor, abandone o vício de apenas procurar o predador nos outros; cada um de nós tem seu caminho, e não nos cabe a injustiça de sustentar nossos argumentos acusando a doença de comportamento alheia.

Saiba atingir o correto equilíbrio entre o reconhecimento do predador alheio e o melhor meio de se defender dele. E a melhor forma de nos defender do lobo que habita os corações dos nossos semelhantes é ter a coragem de apaziguar o nosso próprio lobo interior. Este é o segredo.
(…)

Somos muito mais do que presas de um predador. Podemos muito mais do que apenas agir com ignorância e intolerância. Podemos ser livres, serenos e fortes ao mesmo tempo. A vida é um sonho que pode ser vivido sem pesadelos.

Acredite nisso, e confie: não somos escravos de nossas paixões. O predador pode ser superado, ele pode ser derrotado. Basta termos a coragem de viver saboreando as belezas da vida com uma mente simples e dedicada, e não devorando com paixão e impulsividade a nossa própria liberdade…"

“A Hora do Lobo”, 2005 – KŌMYŌ, Claudio – “O Hóspede da Caverna”; 1ª Edição Revisada. Rio de Janeiro, 2007. pp. 111-117.
Fonte: http://despertarcoletivo.com/a-hora-do-lobo/

19 de outubro de 2013

..O efeito sombra em nossa vida...Debbie Ford



..."Cada um de nós está em meio a uma batalha contínua, em que as forças da luz e da escuridão competem pela nossa atenção e pela nossa submissão. Tanto a luz quanto a escuridão habitam dentro de nós ao mesmo tempo. 

Verdade seja dita: existe uma matilha inteira de lobos dentro de nós – o lobo amoroso, o lobo bondoso, o lobo esperto, o lobo sensível, o lobo forte, o lobo altruísta, o lobo generoso e o lobo criativo. 

Junto com esses aspectos positivos existem o lobo insatisfeito, o lobo ingrato, o lobo autoritário, o lobo desagradável, o lobo egoísta, o lobo indecente, o lobo mentiroso e o lobo destrutivo.

Todo dia temos a oportunidade de reconhecer todos esses lobos, todas essas partes de nós mesmos, e escolher como iremos nos relacionar com cada um deles. 

Será que continuaremos condenando alguns e fingindo que eles não existem ou vamos tomar posse de toda a matilha?

Por que sentimos a necessidade de negar a matilha de lobos que vive em nós? A resposta é fácil.

Ou achamos que ela não existe ou que não deveria existir. 
Tememos que, se admitirmos todos os diferentes eus que ocupam espaço na nossa psique, de algum modo seremos rotulados de esquisitos, diferentes, prejudiciais ou psicologicamente fragmentados.
Achamos que devemos ser pessoas boas e “normais”, dentro das quais só mora um único eu. 

Mas existem muitos eus e a recusa em entrar em acordo com eles é um grave erro – que nos levará a cometer atos estúpidos e temerários de autossabotagem.

Eis o grande segredo: existem muitos eus contidos dentro do nosso “eu”, pois dentro de cada um de nós existem todas as qualidades possíveis. 

Não há nada que possamos ver e nada que possamos julgar que não exista dentro de nós. Todos somos luz e escuridão, santos e pecadores, pessoas adoráveis e abomináveis. Somos todos gentis e calorosos, mas também frios e cruéis. Dentro de você e dentro de mim existem todas as qualidades conhecidas pela espécie humana. 

Embora possamos não estar conscientes de todas as qualidades que possuímos, elas estão adormecidas dentro e nós e podem despertar a qualquer momento, em qualquer lugar. A compreensão disso nos permite entender por que todos nós, que somos “bons”, somos capazes de fazer coisas ruins e, mais importante, por que às vezes nos tornamos os nossos piores inimigos."

Baseado em: “Como entender o efeito sombra em sua vida” 

de Debbie Ford.

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